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Movimentos Ecológicos



             Luta pela Natureza

Karina  Campos  ¹
Lilian Vasconcelos

A humanidade faz parte da natureza e depende dela para sua sobrevivência, mas a civilização dá a ela o poder de mexer com a natureza em escala sempre crescente, para bem ou para mal. Entre os efeitos negativos desta intervenção humana encontram-se: a destruição do solo através de seu uso abusivo, provocando erosão, inundações e alterações do clima; ameaça à vida biológica nos oceanos, lagos e rios, devido à poluição de suas águas; envenenamento da atmosfera com vapores prejudiciais; criação e produção de armas com poderes absolutos de destruição de qualquer forma de vida; concentração de atividades industriais e comerciais em áreas superlotadas, até o ponto em que as deseconomias externas do congestionamento, da poluição e da alienação da moderna vida industrial e urbana anulam os ganhos em qualidade de vida obtidos através do aumento do consumo material.


O desenvolvimento tecnológico tem sido um dos principais vilões das agressões à natureza. As ações humanas de degradação do meio ambiente levaram alguns grupos a uma reação contrária, a um despertar do que hoje chamamos de consciência ecológica. O grande desafio do movimento ecológico, atualmente, não é só assegurar um crescimento econômico que melhore o padrão de vida dos diferentes povos, mas também regular sua relação com o meio ambiente.  Mobilizando as entidades regulamentadores a desembolsar imensos recursos para desenvolver projetos de recuperação, conservação, preservação e educação ambiental.



 


O movimento ecológico se inicia no mundo na década de 60 em um contexto de surgimento de vários outros movimentos sociais protagonizados por minorias, como mulheres e negros. Era o momento também em que, segundo Carlos Walter Porto Gonçalves (2000, p.10), “o movimento operário constituía o eixo em torno do qual se fazia a crítica teórica e prática da ordem instituída e o capitalismo aparecia como a causa de todos os males com que os homens se defrontavam”. A grande novidade que esses movimentos trouxeram foi o fato de criticar não só o modo de produção, mas o modo de vida, as questões presentes e a inserir as ações do cotidiano como centro de questionamentos. 



A partir desta mudança de mentalidade que diversas correntes foram surgindo e abrigando-se sob a denominação de movimento ecológico, correntes essas nem sempre com o mesmo ideário ou visão do que significaria este movimento. Por exemplo, temos o ecologismo, o ambientalismo, o conservacionismo e o preservacionismo e seus respectivos. Na prática, estes tipos e formas de envolvimento com a defesa da "Natureza" acabam se confundindo, não obstante terem suas distinções:

- Ecologismo e ambientalismo - representam a utilização dos fundamentos científicos da ecologia como suporte para a solução dos problemas ambientais, no âmbito legal, social, estético, entre outros.
- O conservacionismo - deriva da aplicação do conhecimento ecológico para manutenção do desenvolvimento social, considerando os meios mais ajustados para o uso dos recursos naturais.
- Preservacionismo - é o modelo mais radical que defende a delimitação de ambientes intocáveis, que não podem mais ser utilizados para a transformação dos recursos em bens de consumo para a sociedade.



Os movimentos ecológicos são parcialmente herdeiros da cultura socialista e particularmente da crítica marxista da ética utilitarista. O ecologismo critica o utilitarismo não apenas nas relações no interior da sociedade (como o faz o marxismo), mas também, e fundamentalmente, nas relações sociedade-natureza. Os movimentos ecológicos e pacifistas constituem-se num ponto de inflexão na história da mobilização social e da ação coletiva: trata-se de movimentos portadores de valores e interesses universais que ultrapassam as fronteiras de classe, sexo, raça e idade.


O movimento ecológico emerge no Brasil na década de 70 em um contexto ditatorial que se abateu sobre o movimento sindical e estudantil. O contexto histórico, em termos bem gerais, era o da esquerda lutando contra o imperialismo e o considerando responsável pelo nosso subdesenvolvimento e da direita abrindo as portas do país para o capital estrangeiro, considerando que este seria o grande passo para nosso desenvolvimento. a preocupação ecológica já se alastrava no mundo causando uma pressão a nível internacional. Isso fez com que o Brasil se apressasse para criar instituições voltadas para o meio ambiente. Gonçalves (2000), coloca que o interesse do Estado era tão somente em garantir os investimentos estrangeiros que só chegariam caso essas medidas ambientais fossem tomadas, ou seja, não existia realmente uma consciência de cuidado com o meio ambiente.



Somente em 1934 na primeira conferência brasileira de proteção à natureza que deu surgimento ao primeiro documento legal ambiental brasileiro, o Código das Águas. Ainda na década de 30, ocorre a criação do Parque Nacional de Itatiaia (RJ) e o decreto lei de nº 25 de 30 de Novembro organizando o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 


Em 1940 é a vez do Código das Minas, de acordo com o qual, o proprietário tinha o dever de evitar a poluição e conservar o meio. O Estatuto da Terra data de 1964 e define a função social da terra. Em seguida em 1965 surgiu Código Florestal e através dele vem o reconhecimento de que as florestas e demais formas de vegetação são bens de interesse comum a todos os cidadãos brasileiros.



De lá para cá o interesse por essas questões tem sido crescente. Partidos políticos “verdes” tem surgido, a sociedade civil tem se mobilizado e as empresas têm realizado diversas estratégias de marketing e publicidade a fim de ligar suas marcas à responsabilidade sócio-ambiental. 



A espécie humana parece não fazer jus à descrição de ser a mais desenvolvida de todas quando a questão é cuidar de sua própria casa, de seu próprio habitat. Nossas intervenções no meio ambiente com o intuito de tornar nossas vidas mais confortáveis terminam por causar verdadeiras catástrofes com dimensões ainda não totalmente conhecidas. Terminamos nos tornando vítimas de nós mesmos. O grande desafio parece ser o de dar continuidade ao processo de desenvolvimento a fim de suprir as necessidades desta geração sem comprometer a capacidade das gerações seguintes de também suprir as suas.


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1. Acadêmicas do curso de Serviço Social do 5º Período A - Faculdade Salesiana Dom Bosco

   
                                 

REFERÊNCIAS:

- VIOLA, Eduardo J.  O MOVIMENTO ECOLÓGICO NO BRASIL (1974-1986): DO AMBIENTALISMO À ECOPOLÍTICA (www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_03/rbcs03_01.htm)
- BERNARDO, João.O MOVIMENTO ECOLÓGICO É HOJE O INIMIGO OCULTO (http://comunism0.wordpress.com/o-movimento-ecologico-e-hoje-o-inimigo-oculto/)

- FERREIRA, Zoraia Nunes Dutra, OLIVEIRA Catarina Tereza Farias. Movimentos Ecológicos: Novos Diálogos com a Sociedade a partir de Diferentes Interfaces. (http://www.intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2008/resumos/R12-0235-1.pdf)

- RODRIGUES, Daniel Levi de F. MOVIMENTO ECOLÓGICO E DEIREITO AMBIENTAL (www2.ufpa.br/naea/pdf.php?id=214)





 
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